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Tim Maia ganha homenagem de músicos nos 20 anos de sua morte

Publicado em 15/03/2018

Tim Maia ganha homenagem de músicos nos 20 anos de sua morte

Nesta quinta-feira (15), faz 20 anos que Tim Maia morreu. Após duas décadas, não apareceu ninguém tão original, contestador e popular quanto Tim. 

Logo de cara, um dos maiores méritos do compositor foi ter incorporado o soul americano ao ritmo brasileiro, quando voltou deportado de uma viagem aos EUA. De lá, ele trouxe o groove gringo, sem perder a brasilidade.

Com o primeiro disco homônimo, em 1970, Tim criou uma forma nova de compor e cantar. Entre os exemplos mais belos dessa fórmula estão os hits Você, Azul da Cor do Mar e Primavera.

Carioca nascido em 28 de setembro de 1942, Sebastião Rodrigues Maia levou uma vida tão intensa quanto polêmica. Dentro e fora dos palcos, Tim não poupava ninguém, pois sempre falou o que bem queria. Provocante, ele acabou criando frases célebres como: "O mundo só vai ficar legal quando acabar o dinheiro... porém, que não me falte nenhum por enquanto."

Tim Maia gravando seu primeiro e histórico disco, em 1970
Agência Estado
Carioca nascido em 28 de setembro de 1942, Sebastião Rodrigues Maia levou uma vida tão intensa quanto polêmica. Dentro e fora dos palcos, Tim não poupava ninguém, pois sempre falou o que bem queria. Provocante, ele acabou criando frases célebres como: "O mundo só vai ficar legal quando acabar o dinheiro... porém, que não me falte nenhum por enquanto."

Desafiador, ele também se tornou dono da própria carreira, quando achou que estava sendo explorado pelo sistema vigente. Enfrentou empresários ao se lançar independentemente no mercado, criando sua própria editora e gravadora (Seroma/Vitória Régia Discos). Fato comum hoje em dia, mas inusitado para uma época sem internet, dominada por grandes empresas fonográficas.

O rei do soul nacional morreu, em 1998, aos 55 anos, no Rio, devido a um quadro grave de infecção. O vozeirão subversivo, finalmente, estava calado. Porém, sua obra musical e pensamento instigante continuaram seguindo adiante.

Hoje, o compositor ainda continua influenciando inúmeros artistas de vários gêneros e idades.

Para homenagear o imortal Tim Maia, diversos músicos falaram sobre a importância do cantor.

Hyldon Souza (cantor e parceiro de sucessos de Tim Maia)

— O trabalho dele como compositor e intérprete é muito importante. E, inegavelmente, o Tim foi um dos maiores cantores da musica brasileira. Além disso, ele teve essa visão do futuro, da globalização, trazendo a música negra americana para cá, dando um sotaque brasileiro. Os vocais e as levadas dos gringos foram misturados ao nosso ritmo, como podemos ouvir em Coroné Antonio Bento, Gostava Tanto de Você e outros sucessos.

 

Criolo

— Ele sempre foi uma felicidade para mim. Desde pequeno, eu curtia o Tim nos bailes de colégio ou de rua, onde as equipes de som faziam a festa para gente. Nos fins de semana aquilo era mágico. E o Tim Maia era dos poucos cantores que balançavam a massa: da criançinha até o vovô. Todos sabiam cantar as músicas dele. E, pra mim, que venho do rap, sempre foi uma fonte de inspiração musical. É muito cultuado no meio. Quando se fala dele, todo mundo abre um sorriso. Tim era uma pessoa autêntica e original que viveu intensamente. Não dá para medir a importância dele para a nossa cultura brasileira. É uma honra, para a gente a existência de um ser tão especial como esse. 


Arnaldo Baptista (cantor solo e ex-Mutantes)

— Uma das coisas mais importantes da minha vida foi quando, no programa de TV Quadrado e Redondo(já extinto), encontrei-me com Sebastião Rodrigues (Tim Maia). Ele contou-me a respeito de sua vida em Nova York... e quando estava esquecido. Tim possuía um soul inigualável, no que diz respeito a psicodelismo e som total. E ele preferia o microfone AKG D-12, no qual sua voz aparecia empostada, pelo nariz, principalmente. Na época, eu escrevi uma carta de recomendação para o produtor André Midani. E deu certo!


Edi Rock (Racionais MCs)

 
— Quando penso em Tim Maia, lembro da minha adolescência, como se fosse ontem. Indo pela primeira vez, levado por amigos na época de Vila Mazzei (SP), a um baile black de nome Dançodromo. Era comandado pela equipe Zimbabwe, na Zona Norte. Eu devia ter uns 15 anos, já havia ido em algumas baladas, mas era o primeiro específico de música negra. Quando entramos, eu olhei aquele monte de gente dançando com aquelas "roupa louca" e pensei: "Até que enfim, é isso!". Nesse momento, tocava Tim Maia, You Dont Know. Ele é uma das minhas influências e referência musical para todo o sempre! Salve, Tim Maia! E, sem ele, o nome Racionais MCs, com certeza, seria outro (risos).


Thaíde

— São 20 anos sem a gente parar de ouvir as músicas de Tim Maia. Ele é uma obra preciosa da nossa música! Em 1974, eu tive meu primeiro contato com o som dele através do vinil Autógrafos de Sucesso (coletânea). Ali tem a música Você, que eu já ouvia nos bailes black. Sem falar nas outras que a rapaziada ligada em samba rock curtia, como Gostava Tanto de Você. Sem dúvida nenhuma, o cantor é uma referência da nossa música popular e negra brasileira. Salve, Tim Maia!  

 

Claudio Zoli

— O Tim faz falta como compositor, cantor e artista pela sua personalidade marcante. Ficamos órfãos de um líder que abriu portas para muitos artistas da soul music brasileira. Não tinha medo de falar o que pensava sobre a música em geral e revelou grandes compositores como Cassiano, Edson Trindade, Hyldon, entre outros. Ele é uma figura superimportante na minha carreira. Tive a oportunidade de assistir aos ensaios dele, sendo que ali foi meu primeiro contato com músicos profissionais. Aprendi muito convivendo com o Tim, sua banda. Tenho orgulho de representar e cantar músicas dele no meu show. Há uma semelhança natural no meu timbre de voz com o do Tim. Quando Noite do Prazer foi lançada, em 1983, todo mundo achava que era ele que cantava. Carrego grandes influências. Obrigado, Tim, pelo seu legado.


DJ Marlboro

— Tim Maia foi um dos primeiros a fazer a música black brasileira. Antes dele, era o samba, bossa e rock. Ele trouxe a experiência musical que aprendeu nos EUA, mas jamais perdeu sua brasilidade. O Tim tinha orgulho de ser brasileiro! Quando ouvi ele pela primeira vez no rádio, pensei: "Esse cara canta bem pra caramba! [risos] Minha formação musical foi toda pela black music americana, mas, até então, eu jamais havia ouvido alguém cantar em português com o suingue do gringo. Eu até achava que havia um problema para fazer funk com nossa língua. Porém, o Tim me mostrou que isso era possível. Foi algo inspirador de todo mundo! E, além disso tudo, ele ainda é popular sem perder a qualidade. Qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento musical apurado, conhece Tim Maia.

 

Leo Maia

— Meu pai era o Bob Marley brasileiro. Porque ele é aquele cara que consegue unir todas as raças e gêneros. Um cara que canta aquilo que vai direto para o coração das pessoas. Tim é um grande rio e seus seguidores são os afluentes. Uma coisa única e genuína. Ele é a essência da música mundial. E, como pai, ele tinha outra personalidade. O Sebastião pedia a benção quando eu entrava em casa, cuidada muito da família e exigia que a gente estudasse muito. E ele também me ensinou a fazer caridade. Um cara maravilhoso!

 

Simoninha

— No meio de tantos movimentos musicais que aconteceram na efervescência dos anos 60, havia o rock com suas várias expressões surgindo, como o começo da MPB e canções de protesto. E, no meio disso tudo, Tim consolidou a mistura da música brasileira com a soul music logo no seu primeiro LP, consagrando clássicos como Primavera e Azul da Cor do Mar, entre tantos outros. Tim representou um segmento importante da nossa cultura brasileira/negra. Ele faz muita falta pela sua produção musical, por seu talento e irreverência. Fazendo uma analogia a um sorteio de Copa do Mundo, Tim Maia sempre seria um “cabeça de chave”. Eu o escuto desde que nasci, pois lembro da primeira vez que o vi, ainda bem criança, com o Jeep amarelo que meu pai lhe vendeu na época. Ele me ensina até hoje, porque sempre descubro algo novo e poderoso em sua obra. Sem dúvida, é uma grande referência para mim.


Badauí (vocalista do CPM 22)

— Tim Maia sempre esteve presente na minha vida, pois meu pai sempre ouvia muita música brasileira em casa. Eu sempre me identifiquei com o Tim e, quando eu fiquei mais velho, também entendi mais sobre a postura dele. Ele falava a verdade e o que pensava, independentemente se isso iria afetar sua carreira. Tim nunca se vendeu e isso me influenciou como artista. Assim como ele, eu não gosto de fazer "média" só para querer vender mais discos. O CPM 22 sempre está ouvindo os CDs do Tim pela estrada, durante nossas turnês. Tim Maia é o artista nacional que eu mais gosto.  


Valesca Popozuda

— Tim Maia é aquele cantor cujas músicas serão lembradas para sempre. Cresci com minha mãe ouvindo os discos dele na época e eu me recordo muito de dançar na sala de casa seus sucessos. A música do Tim que mais me marca até hoje é Azul da Cor do Mar, pois, além de ser linda, é muito tocante. Tim Maia será sempre homenageado como um gênio.


Lino Krizz

— Realmente é muito difícil e estranho não escrever sem ser redundante ao que muito foi-se dito, gravado e escrito sobre o que esse mano muito "loko" ainda representa. Não só por sua forte personalidade, mas principalmente pela musicalidade singular. Mas... sou Réu Confesso em dizer que esta Estrela do Meu Show chapa meus pensamentos nas Nuvens, me fazendo um pedido simples assim: “Leva... o meu som contigo leva..." e atinja o Bom Senso. Vale acreditar no Caminho do Bem, pois Vale Tudo e Dance Enquanto é Tempo. Estas são as canções que eu quero tocar numa Primavera de Sossego e Paz, porque "não quero dinheiro, só quero amar..."